quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Bolas de Sabão

Bolas de sabão são bonitas.

As pessoas são bolas de sabão,
assim como palavras, os actos,
intenções, sentimentos, emoções, ideais..
Tudo são bolas de sabão.

Formas bonitas...
graciosas, pairando... admiráveis, perfeitas...
ou não! Mas lindas certamente...

Rebentam.

Não são nada.
Nada significam,
nada fazem...
nada criam...
nada querem...

Sem préstimo.
Sem futuro.
Algo que já foi,
nada tendo sido.
Algo que se lembra,
sem nada significar.
Algo que se disse,
sem nada ter feito.

Bolas de sabão lindas.
Hipnóticas promessas de nada,
Pairando vão, essas efemeridades inúteis,
condenadas ao esquecimento...

Destinadas a dar um dia lugar às seguintes,
na vã esperança que,
não rebentem essas novas um dia.

Enquanto fascinados,
nos embevecemos pelas suas cores,
efeitos disformes,
aguardando sempre pela próxima,
que será sempre, eventualmente,
a mais linda,
a mais perfeita..
a tal.

Hoje, mais que rebentar,
uma bola de sabão se fez desfazer.

Na sua ignomínia inocentemente estúpida,
orgulhosamente arrogante, presunção de imortalidade,
sacrificou-se e aos que a admiravam.

Nada fica.

Ainda assim, hoje,
bolas de sabão olharão,
inúteis,impotentes, extasiadas,
o fogo que rasgará os céus, apenas por hoje,
numa esperança tonta de que mais sejam,
(ou mais procurem ser!),
que simples e modestas
bolas de sabão.

Sabem-no mas ignoram,
num culto activo da alienação e ignorância,
que nem fogos ou céus por si contemplados,
deambulados, aspirados,
no fim, nada significam.

Assim como nada.

Nada significa nada.
Assim como bolas de sabão.

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