sábado, 12 de janeiro de 2008

Nova Mania

Ultimamente ganhei uma nova mania, um pouco decente, séria, cultural e talvez até ligeiramente inteligente. É esta, coleccionar os jornais diários e semanais que circulam gratuitamente por aí, em qualquer estação ou apeadeiro. Consequência de quem tem passeado com frequência pela capital, e de quem passa média de três horas diárias nos transportes, as quais tem que ocupar de alguma forma. É também uma forma de aparentar ser um gajo educado, culto e inteligente, que gosta de se manter actualizado, e cultivar-se nos mais diversas áreas do saber do nosso tempo. Em suma, uma cidadão do século XXI - tentar "parecer bem"! - Mesmo que isso signifique não perceber aquilo que se está a ler, e que na verdade, me esteja a borrifar para tudo aquilo que me rodeia, desde que, obviamente, eu me encontre bem. De uma forma muito mais abreviada, um Ser Humano.

Acontece que ontem quando vinha para casa, vim a ler o semanário Sexta, que é a meu ver um dos melhores e mais completos jornais à bórliu que por aí andam, e deparei-me com um artigo de opinião bastante interessante, e com o qual eu concordo ( o que, tratando-se da minha opinião, é logo suspeito!), escrito por José Pedro Gomes, senhor que eu prezo, assim como aos trabalhos que dele vou conhecendo.

Passo a citar!


Creolina
Por: José Pedro Gomes

Eu Percebo.
Mas não fico descansado
O nosso primeiro-ministro é um homem que cultiva uma maneira de funcionar muito directa, já todos sabemos. Aliás, a sua maneira de falar indica isso mesmo. Por um lado, grita sempre, mesmo que tenha um microfone à frente. É para todos ouvirmos o que ele diz. Por outro lado, fala sempre com um ritmo pausado e martelando sempre as palavras principais, como um professor. Para todos percebermos.
Ora, quando ele começou a dizer que a forma de aprovação do Tratado de Lisboa (referendo ou votação na Assembleia) ia ser por ele decidida quando achasse necessário, todos começámos a perceber que não ia fazer o referendo com que se tinha comprometido na campanha eleitoral. Ele estava só a fazer «render o peixe». Já tinhamos percebido antes. Agora temos a certeza.
O que é interessante são as «razões» apresentadas: prometi o referendo à Constituição, mas isto agora chama-se Tratado... Dava para rir à gargalhada se o argumento tão ridículo e infantil não viesse a ter um efeito tão trágico - a oportunidade de uma discussão séria e alargada acessível ao povo para que ele pudesse votar em consciência uma questão fundamental para o nosso país.
Como o Tratado não é mais do que uma Constituição com uns pozinhos modificados, ficamos a perceber claramente que os dois partidos principais não querem que «a maralha» discuta uma coisa importante, «até porque não iam perceber». Mais uma vez não querem explicar, não querem por nas mãos do povo uma questão fundamental para ele, não têm confiança nele. Mais uma vez os políticos fazem com que o povo se alheie mais da questão política. Somos mais uma vez postos de parte de uma decisão fundamental para a nossa história, e tratados como tótós.
Outro argumento importante foi a «opinião» de outros países. «Se os portugueses fizessem um referendo, nós também teríamos de o fazer.» Isso seria tramado para os ingleses, franceses, holandeses, eu sei lá. Ora se a forma de nós fazermos política em Portugal já é condicionada desta maneira, acabámos de dar mais um passo de gigante na perda da nossa já pequenina independência. Mas, se calhar, é isto mesmo que vem indicado no tal Tratado de Lisboa. Mas, como não o vimos discutir, ainda não sabemos, não é verdade?
Isto até aqui já percebi, e fico ainda com mais pena de ser governado por uma classe política deste calibre, Mas há umas coisas que ainda não percebi e me estão a atrapalhar este início de ano.
A lei contra o tabaco. (Aviso já: não sou fumador, nem fundamentalista islâmico) É possível haver em recintos fechados zonas para fumadores. Mas estas zonas estão condicionadas à existência de extractores de ar que devem obedecer a determinados requisitos. Normal. O que não me parece normal é que esses requisitos só venham a ser esclarecidos em 2009. Como é que as brigadas da ASAE (os senhores de colete anti-bala que irrompem pelos telejornais) vão decidir se o meu extractor «fuma» bem? Põe-se lá debaixo a fumar, a ver se o fumo sai? É claro que sai. Mas na quantidade certa? Quem é que decide e baseado em que parâmetros? « Vemos isso em 2009»? E até lá? Fica a discrição do senhor da ASAE, ou vamos para tribunal esperar pela regulamentação? Não temos mais nada para fazer? E como é que neste país, se pode ter já certeza que uma lei vai mesmo sair em 2009? Não percebo se querem resolver o problema do tabaco ou quiseram só arranjar um problema às pessoas que fumam.
A questão do fumo nos casinos só não está clara porque os casinos movimentam muito dinheiro e é melhor não os chatear muito?
Outra coisa que não percebi foi a trapalhada final do BCP. Afinal se a guerra é entre a Opus Dei e a Maçonaria, como é que o Estado, através do Banco de Portugal, arranja maneira de a admnistração do banco público (CGD) ir parar ao BCP, que é privado? Há umas explicações muito enviesadas para estas questões, como aquela de uns tipos pedirem dinheiro a CGD para comprarem posições no BCP. Mas também não me deixam nada tranquilo, também é verdade.


Fim de Citação!

Não podia privar aqueles que não tiveram acesso ao Sexta deste artigo, bastante pertinente na minha opinião. Tal como não podia deixar escapar uma oportunidade de injetar um pouco de nivel neste blog! ;P

Mustekem-mos!!
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