sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

No Inimigo Público desta Semana

Outras Notícias:

«44 tem 25 milhões de cigarros escondidos num off-shore na arrecadação da cadeia de Évora»

«Cantina da prisão de Évora ganha estrela Michelin»




quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Hoje Mal Sou Homem.

Frustração

Hoje mal sou Homem.
Hoje mal sou nada.

Eu tenho um amor.
Sim, eu tenho um amor.
Aliás, encontrei O Amor.
é arrogante,mas sim,
encontrei de facto, o Amor.

Um Amor forte,
um Amor envolvente, quente
como a cratera de um vulcão
enche-me de ar quente o coração.
Sim. Esse amor.
Forte sedento, faminto e doente
que me não permite que em mais algo pense,
de tão quente, ardente, com o qual choquei de frente.
Amor que me capturou.

Capturou no primeiro olhar,
no primeiro sorriso,
no primeiro toque,
 no primeiro beijo..

Mas hoje mal sou um Homem.
E estou à beira de perder
o meu grande Amor.

Um amor, não, O Amor,
que me fez e faz feliz.
Sim, eu encontrei o Amor que me faz feliz.
Um amor com quem rio e choro,
 a quem mimo e por quem grito,
beijo e aperto,
sempre certo, que longe ou perto,
a minha energia lhe é dedicada,
em cada frase, em cada pensamento,
em cada suspiro, em cada carência,
em cada palavra.. e letra..

Sim, toda a energia
que me percorre e liga,
é oferenda a esse amor.
Ao amor.

Mas hoje mal sou um Homem.
E estou à beira de perder
o meu grande Amor.

O Amor é Doce,
O Amor faz bem,
O Amor é companheiro.
O amor é fogoso e quente,
um carinhoso delinquente,
que me dá de presente
todo o seu Ser,
encontrando-se ao meu lado,
lutando, acreditando em mim,
sem que aparente
esse cansaço evidente,
que conspira qual serpente
e que mesmo ainda sentindo,
o faz esmorecer, ainda assim.

Sim eu tenho um amor- O Amor.
Que amo, sem fim, louca e apaixonadamente.
Perdida, inconscientemente,
incondicional e doentiamente.

Hoje mal sou um Homem.
E estou à beira de perder
o meu grande Amor.

Nunca assim antes amei.
e por isso sei,
último amor este para mim será,
e apenas ele tem lugar cativo no meu coração.
De que tem ele a chave, a licença e alvará,
O próprio Amor maior é  que o coração.
E se por minha infelicidade,
me for levado de arrastão,
coração, esse, irá com ele

Pois eu hoje mal sou um Homem.
E estou à beira
de perder o meu grande Amor.

Coração não vive sem Amor.
E sem coração não vivo eu,
Tanto que a ideia só
me gela os ossos,
que  implodem em chamas de agonia
angústia inerte que me cravam o peito
adagas de prata,
que me esventram e contorcem as entranhas,
me entorpece os joelhos ,
gemendo como velhos,
e no final, já pútrido,
olhando em redor,
imagino réstia de pó,
desfigurado resquício de quem já ali viveu.

Perco a razão.
O pouco Homem ainda em mim
se faz concha oca em ruínas
que o vento e a terra ajudam a apagar e esquecer,
no fim..

Assim a ideia de viver sem o Amor,
me é tão dolorosa,

Sim eu tenho O Amor.
e por ele tenho todo o meu Amor.
Porém não basta.
E a culpa é minha.

O meu amor não chega,
Doente, me sinto,  impotente;
frente ao medo, fel, maldito,
traiçoeiro e assassino,
coveiro.

Chagas em azeite fervido,
é o que sinto uma vez lido,
agonia e arder sentido
Pelas palavras do meu Amor,
"preso dentro de si,
onde tudo lhe dói e tudo é escuro".

Hoje mal sou um Homem.
E estou à beira
de perder o meu grande Amor.

Frustração.
Raiva e revolta.
Desespero, fadiga,
auto-comiseração,
cobardia,
inutilidade impotente.
Anarquia emocional,
roleta russa de sensações e humores.

Assim observo
 um futuro cada vez mais distante
que temo eu que seja inexistente
sem forças ou mais recursos,
que me permitam acreditar.

Sim, eu tenho um Amor.
E para meu desespero,
tudo isto o atinge.
Revolta, frustração.

Não, o meu Amor nada disto merece
faço do meu grito , meu choro,
minha prece,
pelo meu Amor.

Hoje mal sou um Homem.
Hoje mal sou alguém.
E o meu Amor merece um Homem,
Um futuro.
Merece esperança.

Mas hoje mal sou um Homem.
E estou à beira
de perder o meu grande Amor.

As lágrimas
que ensopam este texto
E esfarelam estas folhas,
não redimem, nem corrigem
o mal que faço ao meu Amor.
O tremor da lapiseira
não me absolve nem resolve,
a dor do meu Amor.

Hoje mal sou um Homem.
E estou à beira
de perder o meu grande Amor.

Em todo este turbilhão,
vacilei,
Com o meu Amor.
Devia ter comprado luzes,
barreiras, parquímetros,
cancelas, colado cartazes,
gritar ao mundo, na rua,
bem fundo, que aquele lugar,
no meu coração é único,
está reservado e é vitalício,
do Meu Amor.
E ainda assim,
Só ao Meu Amor
mo faltaria provar.
E não o posso censurar.

Hoje mal sou um Homem.
E estou à beira
de perder o meu grande Amor.

O meu amor ralha-me.
O Meu amor grita-me.
O Meu amor chora, implora,
abraça e beija-me.
O meu Amor desespera
ao ver-me assim.

E eu ralho de volta ao meu amor.
E eu grito de volta.
E pior,
Grito por duas razões,
grito de discordâncias.
sagaz, picante e arguto arrufo,
feroz, fiel, frontal e duro,
como devem ser aliás,
os de todos os Amantes rubros;
Mas pior, doloroso e fatal grito
grito por concordar com o meu Amor.

São-me gritadas verdades,
verdades que não gosto de ouvir.
Escuto verdades que,
durante anos não quis ver.
Observo verdades que
durante anos não quis ouvir.

E revolto-me -
Não com o meu Amor -
comigo!
Por  tal estupidez,
tacanha e ingénuo,
lógica primária,
bonacheirão imberbe e ignorante.

Quando grito ao meu Amor,
Grito para mim.
Quando insulto, insulto-me a mim.
Digo ao meu amor, gritando,
aquilo que de mais desprezível e terrível,
sei que tenho em mim.
E não me orgulho.
Fico doente, parto tudo.
Apago.
Horrorizado com tão vil pecado.
Proferi insultos que me eram destinados,
ofendendo o meu Amor, estando sempre ele do meu lado.

E choro.
Como me converti em tão hediondo diabo?

O meu Amor ajudou-me a olhar o meu passado.
O meu Amor fez-me olhar para mim.
E não gostei do que vi.
Observei um espectro de mim outrora,
hipnotizado, olhando um passado,
ora focado, ora desfocado.

E por isso hoje mal sou um Homem.
E hoje estou à beira
de perder o meu grande Amor.

Passado, assumido,
nada esquecido, ferido, saudoso
tristeza tenho,
que a falta de remorsos.
de felicidade tonta e despreocupada,
que não existiu,
descomprometido com a vida e um distante futuro
me torne tão difícil de esquecer,
de querer viver melhor o presente
para me tornar uma pessoa melhor.

Saudades do que nunca fui,
impedem-me hoje de Ser.

Sou hoje
pior pessoa que outrora.

Hoje mal sou um Homem.
E estou à beira
de perder o meu grande Amor.

Reflectindo,
Sim.
Com medo de um futuro,
inexistente,
procuro no passado,
passado,
um conforto que nunca tive,
de memórias felizes que nunca tive.
Mentiras.

Procuro conforto,
no passado,
pessoas do passado,
que apenas por o aparentarem,
mantenho a ilusão de que ainda hoje o são.

Desperdiço o presente
em nome de um passado que mal existiu,
e cujo presente já não existe de todo.

Tornei-me um servente.
Um tonto, crédulo.
Ao serviço de todos os que,
dentro das minhas limitações
consigo servir.
Só durante.
Um afago no ego,
sem graça, significado
ou valor.

Não dei conta.
No velho hábito, por hábito,
Servi o hábito,
sem servir o meu Amor.
E o meu Amor está triste.
O meu Amor está sentido.
O meu Amor tem razão.

Estou a afundar-me.
E tenho arrastado o meu amor comigo.

O Meu amor não merece.

Hoje mal sou um Homem.
Hoje mal sou nada.
E hoje estou à beira
de perder o meu grande Amor.

Só que hoje,
nem hoje, nem nunca!
Pretendo deixar fugir o meu Amor!

Devo assumir, reconhecer e aceitar
Este sentimento, esta dor e remorso,
Só assim, me posso punir,
Com a esperança de poder corrigir
Um dia a pessoa que tenho sido,
Longe do que precisas, queres e mereces,
Para te poder provar então que é
Amor verdadeiro, aquele que te tenho


Fred












Gentes Estranhas

A ignomínia da soberba é geralmente mais nociva que aquela que é originada na educação. Ou na falta desta. Dividem, conquistam e governa...