Ora boas! Ainda estou vivo! Deixo-vos um devaneio, um jorro, um momento que consegui vir aqui deixar.
Ao matinal movimento trepidante
olhares amargos transparecem
desfocando pessoas cinzentas e sem nexo
olhares, sonhares, dizeres
cantares, pensares e viveres
reflectidos por olhares vítreos
que tanto a estrada como o nada não vêm,
um imenso vazio que é tudo
Salpica o sol
de manchas ígneas, quentes e belas
aurora estival
que nem por isso aquece
fundo, profundo,
a alma por aqueles de que não consegue ,
não pode, ou não merece
receber o seu calor
Fria imagem, fria margem,
entre duas pelas quais corro
em busca de respostas para perguntas que nem exitem
Ou talvez nem devessem existir..
O calor desta viagem procura,
disfarçar a ausência daquele que não existe
acalmar o frio surdo,
angustiante, cortante, constante
sonho errante, espectante:
a próxima paragem..
Essas paragens..
Apeadeiros desertos, vazios, inúteis
escondem razões fúteis
mas que são esmagadas
pelo não propósito absurdo, condenado,
mas certo
daquela que é afinal
a grande viagem:
a última paragem
Mas no decorrer dessas outras viagens
imagens, paragens,
libertação
compreensão, sentido,
vivo, emoção..
talvez um dia..
chegar, sentar, sentir, descobrir, viver, sorrir..
um dia..
Hoje .. não é o dia.
Mustekem-mos!!